Natural da Praia Grande, no litoral paulista, ela foi influenciada pela cultura do skate local para se jogar na modalidade e ser compensada pela dedicação. Desde 2018, ela faz parte da Seleção Brasileira.
Os Jogos de Paris poderiam ser a sua segunda experiência no evento, com a presença em Tóquio não se confirmando por uma gravidez inesperada, que rendeu sua maior medalha: a filha Liz, hoje com três anos.
"Comecei a andar de skate porque eu não me enquadrava na ginástica. Por isso, o skate foi a minha válvula de escape para não me lembrar do que ei na ginástica.
Deixei essa modalidade de lado, mas ela me trouxe aprendizados, como treinar repetidamente. Só assim você chega ao sucesso", conta, sabendo que a persistência por meio dos exercícios seguidos são fundamentais no seu ganha-pão.
"Tóquio já ou e eu tive a minha maior conquista. Meu sonho, desde quando eu era ginasta, era participar de uma Olimpíada. Espero que todo o trabalho e esforço valham a pena. Quero muito fazer bonito pelo meu país e representar as mulheres fortes que não desistem", afirma.
Concorrentes que inspiram, sem rivalidade
Gabi confirmou vaga para representar o Brasil em Paris, superando a concorrência de uma referência: Leticia Bufoni. "Ela é uma das minhas inspirações. O motivo é bem simples: foi uma das primeiras meninas que eu vi andando de skate em vídeos. Seria legal se ela estivesse presente, competindo ao lado de uma geração um pouco mais nova", conta.
Um dos resultados mais expressivos de Gabi aconteceu no STU de Porto Alegre, em 2023, quando venceu a etapa, terminando na frente de nomes expressivos como Rayssa Leal, principal esperança de medalha do Brasil na modalidade ao lado de Pâmela Rosa.
Em Tóquio, Rayssa conquistou a prata. "Não teve um sabor especial em terminar na frente dela. Eu não compito para superar minhas amigas, mas a mim mesma. Essa é a essência verdadeira do skate. Nesta ocasião, por sinal, eu competi com o braço quebrado", lembra.
No currículo de Gabi, a sua presença na final do Campeonato Mundial e da Street League, experiências que ela vai levar quando desembarcar na capital sa diante de adversárias mais novas.
Risco eminente, a qualquer momento
Aos 26 anos, ela viu uma dúvida aparecer com frequência nos últimos meses, sempre se lembrando de uma grave lesão (fratura de fíbula na perna direita) que ela precisou superar, retornando a competir em janeiro deste ano.

"Agora, eu estou sempre perguntando para as pessoas que estão ao meu redor se vale a pena ir ou não em determinados campeonatos. Os riscos de machucarmos nós temos todos os dias, pois, querendo ou não. O skate é um esporte radical", reforça.
Em Paris, Gabi vai deixar tudo o que pode em cima das rodinhas, sabendo que um pódio será histórico. "Caso eu ganhe uma medalha, mesmo que eu esteja preparada para receber, irei chorar. Vai ar um filme na minha cabeça por tudo o que vivi para estar ali", revela.
Entre as principais concorrentes, as japonesas e uma que merece atenção especial. "A australiana Chloé Covell vem evoluindo muito. Temos outros países crescendo também. O skate feminino virá com força total, com muitas novidades de manobras", projeta.