Hoje, Wagner segue na ativa, atuando com algumas grandes promessas do futebol brasileiro.
Nesta conversa entrevista exclusiva com o Flashscore, Wagner Ribeiro lembra de episódios marcantes da sua carreira e não foge de dar sua opinião sobre a acusação de estupro sofrida por Robinho, além de proteger o sempre atacado Neymar.
Como foi sua entrada neste ramo de agente de futebol?
Eu sempre gostei muito de futebol. Em 1997, meu cunhado me convidou para atuar com ele no XV de Jaú. Ele era candidato a prefeito da cidade. Foi ali que surgiu o França, quando participei da negociação dele com o São Paulo e também da sua ida para o Bayer Leverkusen. As coisas deram certo, gostei do ramo e ali foi a porta de entrada. Depois, vieram outros, como o Kaká. Cheguei a representar um total de 14 jogadores no time profissional do São Paulo.
A imagem da figura do empresário hoje é diferente de 20 ou 30 anos atrás?
Antigamente, existiam menos empresários. O Juan Figger foi um pioneiro, depois vieram outros nomes importantes como Gilmar Veloz e Gilmar Rinaldi. Existia a impressão no Brasil de que o empresário era um explorador e mercenário, na Europa o pensamento era diferente. Só depois de um tempo que as coisas ficaram transparentes, percebeu-se a importância do empresário para ajudar clube e jogador. Quando um jogador vai para uma reunião sem um empresário, fica ruim pra ele. O empresário é um profissional que pensa em dinheiro porque faz parte do negócio.
Como você atua no mercado atual de jogadores?
Hoje eu atuo muito com muitos jogadores de base, entre 12 e 16 anos, ali está o futuro do futebol. Os clubes precisam vender seus jogadores, mas também esperam o retorno técnico. Sem um empresário, este retorno financeiro dificilmente acontece. O empresário que vende é mais bem visto.
Como foi sua relação com Neymar ainda nos tempos de Santos?
Nunca tivemos nada assinado, sempre foi na base da conversa. Antes dele ir para o Barcelona, comprei uma briga porque queria que ele fosse para o Real Madrid, que pagava mais. Mas jogadores como Messi, Piqué e Suárez o convenceram a com o Barcelona. Eu tinha uma boa relação com o Florentino Pérez, presidente do Real Madrid, e falei com ele que levaria o Neymar pra lá. Criei um problema pra mim mesmo.

Quando ele foi para o Barcelona, viajei junto da família. Chegando lá, fui colocado de lado na apresentação porque a imprensa de Barcelona não gostava de mim. Na minha visão, o Real Madrid tinha uma melhor estrutura, era um time que combinava mais com ele e poderia levá-lo a ser o melhor do mundo.
Ele optou pelo Barcelona e ganhou tudo por lá. A transação para o PSG começou comigo, apresentei o Nasser Al-Khelaifi, dono do clube, para o pai do Neymar. A primeira oferta do PSG foi coberta pelo Barcelona, só depois que a transferência se confirmou.
O Robinho está preso há pouco mais de um ano. A condenação dele lhe surpreendeu?
Gosto muito dele e da sua família e sou suspeito para falar. Tenho falado com o filho dele (Juninho) e com a esposa Vivi. Não acredito no que dizem, mesmo com ele tendo sido julgado em todas as instâncias. Ele não estuprou aquela mulher, foi um caso isolado com uma garota de programa em uma balada. Foi tudo pensado da parte dela, que chegou a pedir um milhão de euros para esquecer o caso. Foi tudo consensual, o que o complicou foi aquele áudio, algo normal para alguém da sua cidade. Eu não acredito que ele a tenha estuprado, já fui em festa com jogadores do Real Madrid e estes jogadores sempre tinham contato direto com lindas mulheres.
Este estupro é uma história sem sentido, ninguém estupra uma garota de programa. Já falei isso antes e fui atacado por feministas e outros grupos. Estou defendendo o Robinho porque acredito nele, é a minha opinião. Acho que ele não fez nada contra a vontade desta moça.
O que dizer de casos como do Endrick, que aceitam um novo desafio mas acabam não recebendo as devidas oportunidades?
Ele é, hoje, mais importante do que antes para o Real Madrid. Ele tem apenas 18 anos, tem futebol de Seleção e também para ser titular do Real. Já está adaptado, jogar no Santiago Bernabéu não é fácil. Todo jogo são 70 mil torcedores presentes, a torcida é exigente. Acredito que, em mais um ano, ele será titular no Real.
Os jogadores de hoje estão muito mimados?
O dinheiro mexe muito com a cabeça de qualquer pessoa. Se um jogador vem de uma família mais humilde, ele recebe muito assédio depois de rico. É preciso ter cabeça boa para istrar todo esse poder. Já tratei com grandes jogadores, poucos são os que conseguem manter a mesma cabeça antes e depois destas transações transformadoras.
Lembro de ter falado para o Lucas Moura para manter a cabeça maravilhosa que tinha quando ele foi para o PSG. Até os torcedores de outros times o iram, algo não muito comum. O Kaká também era um jogador com uma cabeça diferente. Cada um tem sua personalidade. O Neymar, por exemplo, vê a imprensa pegar no seu pé por conta de tudo. Ele não é casado, honra os filhos e não faz nada de errado com sua vida. Ele aproveita o que tem jogando pôquer, estando com os amigos na praia e precisa lidar com assédio e fama. A vida de um jogador famoso não é fácil.
Fica difícil para um empresário tentar convencer um jogador a não ir para um clube do tamanho do Real Madrid, indicando outra opção onde possa ter mais minutagem?
Quando um jogador vai para o Real Madrid e acaba deixando o clube, ele sai com o peso de ter ado por uma grife. Ninguém sai dali deprimido ou pobre. O problema é lidar com a exigência de estar em um clube como o Real Madrid, onde já se quer um retorno técnico imediatamente. No futebol, não funciona assim. O período do Robinho no Real não foi bom, o Kaká enfrentou forte concorrência de Rivaldo e outros jogadores quando chegou no Milan. Ele era uma opção no banco e foi ganhando espaço. Era para ele ter ido para o Real Madrid, não foi porque a ideia do time espanhol era contratá-lo e emprestá-lo. Com a sequência de jogos no Milan, se tornou o melhor do mundo.
Você tenta ajudar seus atletas na vida financeira?
Não, eu mostro para o atleta o lado do futebol. Não gosto de sugerir investimentos ou dar ideias do que fazer com o dinheiro. O Neymar gosta de aplicar em imóveis, tem gente que investe na bolsa de valores, outros preferem as cryptomoedas. Não me meto na vida econômica de jogador.
Algum atleta te deu mais trabalho, precisando ter o comportamento corrigido ou algo parecido?
Quem dá mais trabalho é pai de atleta que acha que o filho é gênio. Vai falar isso com o pai do menino...Ele acha que o filho é craque e precisa ser titular, não aceita que o treinador tenha outra opção. Acaba pensando que o treinador tem problema pessoal, que existe mala preta e vem pra cima do empresário, como se pudéssemos fazer algo. Tem hora que os pais mais atrapalham do que ajudam.
No São Paulo, vivi isso na época do Kaká. O pai de um companheiro de time achava que seu filho era melhor e que eu dava mais atenção pro Kaká. O filho dele ainda estava começando, tinha muito ciúme envolvido.
Você tem algum espelho neste mundo de empresários?
O Juan Figger era muito inteligente, tinha as portas abertas em todos os lugares. Ele ajudou a levar a Seleção Brasileira para a Europa, tinha escritório em São Paulo e Montevidéu. Foi um visionário.
Qual o maior defeito dos agentes de hoje?
Não gosto de falar dos colegas, cada um tem sua maturidade e dificuldades. Eu coloco os parentes em primeiro lugar, outros não. Por que tirar pai e mãe das negociações?
O que dizer da constantes dívidas dos clubes brasileiros?
As bets estão jorrando dinheiros no futebol e todos os clubes têm dívidas. Os contratos que antes eram de 10 a 15 milhões hoje são de 120. A renda de um jogo a de 4 ou 5 milhões. É um absurdo a justificativa de que não se tem dinheiro para pagar dívidas.